paz, maldita,
que trazes de bom?
silêncio me abraça
e afina o tom
aflito, constrito,
furtado de som
meu eco, desgraça,
esvaeço no chão
a calada me aterra
espelho tirano
obriga-me à vida
monólogo insano
exposto, pondero
punhal no abdômen
expurgo o veneno
com sangue do anho
estranho momento
carrega-me à nuvem
devolve-me ao vento
à procela, ao flúmen
tortura-me, lento
afoga-me em estrondo
mas toque, ao menos
um scherzo ou um rondo
fragor, camarada
não faça desfeita
desate a malacia
sincope o poeta
e entone uma ária
ou ato ou festa
mas solte seu brado
e afaste o silêncio
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