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  • Ricardo Pimenta

Sonata Pathétique n. 8 (Op. 13)


Pathétique, em sua tradução literal, é "patético". Diferente da definição coloquial, de ser algo ridículo, ou risível, a definição francesa é de "qui suscite une émotion intense (douleur, pitié, horreur, terreur, tristesse)". Aquilo que causa uma emoção intensa. Dor, pena, horror, terror, tristeza.


A Sonata n. 8 de Beethoven (Op. 13), sua sonata Pathétique, carrega quem a ouve pelo sentimento a que o ouvinte é subjugado pelo autor. Seu dó menor inicial cria o clima que domina o primeiro movimento inteiro. Em Um caco de telha, Álvaro pensa que:

 

"Aquele dó menor expandindo em duas oitavas, somadas ao dó central mais agudo, triste desde a primeira nota, fazia o próprio peito de Álvaro reverberar em harmonia à frequência do Steinway que Barenboim tocava. Olhou ao seu redor, e pensava em sua situação. Essa vida desconectada do sensível o tornava ávido por sensação! Era isso que ele fazia – buscava a sensação com uma voracidade tal que nunca poderia extrair nada de lá. Caçava a sensação como se fosse uma presa, e a engolia como podia – desajeitado como estivesse. No fim, engolia apenas a aparência da sensação, perdia sua essência." *

 

Talvez seja essa a verdade individual. A de que a sensação está apenas correlacionada à sua aparência, controlada por uma função interna difícil de ser desconstruída. Nessa partitura que recebi de presente, encontrei em sua página inicial uma dedicatória, datada de quase 80 anos atrás:


"Para Papai e Mamãe não

se esquecerem da caçulinha.

17 - 9 - 944"


Uma dedicatória linda, talvez até mesmo pathétique em sua essência. Quem é o papai ou a mamãe que se esqueceriam de sua caçulinha?


 

* Trecho do capítulo 23 - LUCIDEZ do livro Um caco de telha, de Ricardo Pimenta.

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